domingo, 16 de setembro de 2012

In memoriam






Joaquim da Silva Gonçalves

(25.05.1932 / 09.09.2012)



ATÉ SEMPRE, JOAQUIM GONÇALVES!


Quando alguém da nossa família morre fica sempre a dor da perda moldada pelas lembranças do Homem ou da Mulher que esse ente foi para nós e, muitas vezes, no resto da nossa vida, vamos tentando recordar-nos do que para nós ele representava, até que o decorrer do tempo, algumas vezes, faz desvanecer pormenores da maneira de ser e de carácter daquele com quem deixámos de conviver. Muitas vezes, até duvidamos da certeza que temos das exactas feições.

Todos os que conviveram com o nosso querido amigo e Companheiro JOAQUIM DA SILVA GONÇALVES, membro fundador do nosso ROTARY CLUB DE ALGÉS, que foi Governador do Distrito 1960 em 1986/1987 e que foi um Rotário de excelência no Movimento em Portugal, mas que, sobretudo, foi um Homem impoluto durante toda a sua vida, não correm o risco do esquecimento, tão impressiva foi a sua passagem finda no passado dia 9 de Setembro de 2012.

Contudo, para os que não o conheceram tão bem e para que a memória não atraiçoe ninguém, com a devida vénia, reproduzimos a carta que seu único filho LUIS FILIPE DA SILVA GONÇALVES lhe escreveu no dia da sua morte.


CARTA ABERTA AO MEU PAI
NA NOITE DA SUA MORTE

Meu querido pai,

Chegou agora ao fim uma etapa do teu percurso, aquela que nós conhecemos, e vir falar de ti é forçosamente indissociável de falar da mãe, porque todo o caminho trilhado que convosco percorri, foi sempre feito em partilha e união, quais siameses que nem os momentos mais difíceis conseguiram desunir.

Não é momento para falar das tuas competências e realizações, que tantas foram e de diferentes naturezas, porque, para além do mais, o que antes foi inovação agora é relíquia: as empresas mudaram, as camionetas evoluíram, os terrenos transformaram-se, os eletrodomésticos sofisticaram-se, os supermercados multiplicaram-se e até a Economia já não é o que era.

Prefiro pois falar de algo muito mais importante - da tua essência.

E nesse campo, afinal o mais profundo, é tão simples falar de ti. Porque tu foste um HOMEM DE VALORES, tão profundos e permanentes, que só te conheci uma contradição – “intoleravas a intolerância!”

Foste um MARIDO AMADO e APAIXONADO, sempre presente mesmo quando não podias estar. Foste um PAI ATENTO, orientador e verdadeiramente amigo. Um SOGRO EXEMPLAR e MARAVILHOSO e um AVÔ BABADO E AMADO.

Foste um AMIGO SINCERO, PURO e SOLIDÁRIO.

Foste um PROFISSIONAL VISIONÁRIO, RIGOROSO e EXEMPLAR – EXCECIONAL!!!

Nunca foste homem de conveniências, servilismos ou oportunismos – sempre foste enormemente COERENTE.

Nunca fugiste às dificuldades e analisavas cada situação até à sua essência, por mais complicações e trabalhos a que tal obrigasse, sem fantasias, com muito realismo. Foste PRAGMÁTICO E SENSÍVEL ao mesmo tempo.

Sempre foste um homem de CORAGEM – pessoal e profissional; um lutador que nunca prescindiu dos seus ideais. Desde que começaste a trabalhar aos 13 anos, até há pouco, sempre lutaste e resististe – lembro-me da tua casa feita à pressa, do teu curso aos 40 anos, dos problemas que soubeste ultrapassaste.

Foste um homem profundamente INTEGRO e HONESTO, de uma VERTICALIDADE tão endógena que obviamente genética e por vezes incompreendida de tão PURA que era.

E foste, acima de tudo, GENEROSO, um HOMEM DE AMOR, o verdadeiro amor à Humanidade e ao Humanismo, ao próximo e ao desconhecido, sem fronteiras ou  barreiras de qualquer natureza, ao ROTARY, à APOIO – UM AMOR ABSOLUTAMENTE TOTAL!

Não restam quaisquer duvidas, meu querido Pai, o Mundo ficou muito mais rico com a tua passagem!!!

Agora transformas-te, mas nós não te deixaremos partir! – Tu existirás sempre para nós – é um COMPROMISSO! -, os teus valores perdurarão, e com eles a tua mensagem e o mundo solidário que ajudaste a construir.

Muito Obrigado por tudo e 
… Até já,

O teu filhote
Luís
Lisboa, 9 de Setembro de 2012, 23:12